terça-feira, 20 de outubro de 2015

BIOQUÍMICA DA CÁRIE DENTAL

Os dentes sofrem contínuos processos de desmineralização seguida por remineralização e restabelecimento da integridade do esmalte dentário devido ao controle do biofilme dentário, presença de saliva, entre outros fatores.


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O desenvolvimento da cárie den­tária, uma das principais doenças da boca, ocorre devido à união de quatro fatores que são o biofilme dental (placa bacteriana), dieta, saliva e a susceptibilidade do hospedeiro. O processo envolve a desmineralização do esmalte dental devido a altas concentrações de ácidos produzidos pelas bactérias presentes nos biofilmes em presença de carboidratos.
Os dentes sofrem contínuos pro­cessos de desmineralização seguida por remineralização e restabelecimento da integridade do esmalte dentário devido ao controle do biofilme dentário, presença de saliva, entre outros fatores. Esse fenômeno está representado pela equação da reação reversível de disso­ciação da hidroxiapa­tita na saliva ilustrada a seguir:
  Ca10(PO4)6(OH)2(s) + H2O(l)⇄10Ca2+(aq) + 6PO43-(aq) + 2OH-(aq)
A cárie dentária ocorre quando a fase de acidificação (desmineraliza­ção) não consegue ser controlada pela fase de tamponamento (re­mineralização) (Silva e cols., 2008; Almeida e cols., 2002). Uma simples consequência do deslocamento do equilíbrio representado acima, como propõe o Princípio de Le Chatelier.
A cárie dentária é caracterizada pela presença de áreas de desmineralização (áreas esbranqui­çadas e opacas) de esmalte dentário, como mostra a figura a seguir, provocadas pela ação dos ácidos produzidos pelas bactérias presentes no biofilme, que se utilizam dos carboidratos presentes na dieta alimentar do hospedeiro.
A ingestão de carboidratos favore­ce a proliferação bacteriana no biofil­me de uma variedade de organismos produtores de ácido (acidogênicos) e não acidogênicos. A hierarquia da formação da placa com relação aos microorganismos inclui acidogênicos e que toleram o meio ácido. O pri­meiro organismo a ser implicado na etiologia da cárie foram os lactobaci­los (Silva e cols., 2008; Leite e cols., 2006; Silva e cols., 2001).
A capacidade do Streptococus mutans e outras espécies envolvidas na cárie, para produzir quantida­des excessivas de ácido láctico na presença de fontes de açúcares fermentáveis, são consideradas uma das principais causas de perda de dentes. Esses ácidos podem diminuir o pH em valores abaixo do pH crítico (5,3~5,5) para desmineralização da superfície do dente, assim induzin­do uma mudança no equilíbrio do processo natural desmineralização-remineralização (DES-RE) e oca­sionando a perda de minerais. A desmineralização, em última análise, resultado do amolecimento da estru­tura do dente, permite, em seguida, mais colonização do sítio doente por outras espécies, incluindo lactobacilos. A produção contínua de ácidos e a tolerância ao meio ácido proporcionam uma grande vantagem competitiva para o Streptococcus mutanslactobacillus e uma variedade de outros membros da comunidade do biofilme comum na cárie dentária (Silva e cols., 2008, Souto e cols., 2006, Almeida e cols., 2002).
Quimicamente vários fatores po­dem influenciar na formação e no desenvolvimento do biofilme e con­sequentemente na cárie dental, sendo, dessa forma, muito com­plexo ter total controle das reações químicas intrabucais e, em função disso, fica difícil o estabelecimento do tratamento. Assim, são de grande importância os estudos químicos, biológicos e moleculares dos fatores associados à etiopatogenia da cárie para seu melhor entendimento. Moni­torar a bactéria patogênica dentro da placa dentária tem sido crucial para avaliar o risco à cárie ou o estado da doença (Souto e cols., 2006).
A clorexidina (Cx) é um dos mais eficazes agentes an­tibacterianos em odontologia, mas devido aos seus domínios catiôni­cos altamente carregados, ela pode promover a aderência bacteriana em concentrações superiores à sua concentração mínima inibitória. A Cx afeta a viabilidade bacteriana, mas não inibe a formação do biofilme, indicando o seu efeito como agente antibacteriano (Teixeira e Cortés, 2005; Almeida e cols., 2002).

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